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sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

COMO FUNCIONAM AS GUITARRAS ELÉTRICAS

Introdução


Foto cedida Gibson Guitars
A guitarra elétrica Gibson Flying V
Sob o ponto de vista da cultura popular, a guitarra elétrica é uma das invenções mais importantes do século XX. Ela define mais do que qualquer outro instrumento os tons e as características do rock and roll, mas na primeira vez que ela apareceu nos anos 30, poucas pessoas notaram seu potencial. Levou um bom tempo até o instrumento encontrar seu espaço na música americana.

Apesar de seu lento início, a guitarra elétrica encontrou seu espaço, inspirando e definindo estilos de música completamente novos. Ela continua sendo o instrumento mais importante no rock e o mais famoso que já saiu dos Estados Unidos.

Neste artigo, aprenderemos exatamente como a guitarra elétrica funciona e também discutiremos o sistema que ela e o amplificador criam juntos. A guitarra e o amplificador, quando trabalham juntos, produzem uma incrível variedade de sons.

Se você já comparou uma guitarra elétrica com um violão, sabe que eles têm várias coisas em comum. Ambos têm seis cordas que são afinadas por tarraxas e também têm trastes em um longo braço. As diferenças são encontrados no final do corpo do instrumento.


Foto cedida Gibson Guitars
A guitarra elétrica Gibson Flying V e a Les Paul clássica

Algumas guitarras elétricas têm o corpo oco ou semi-oco, com a mesma cavidade de ressonância de um violão, mas as guitarras elétricas mais populares têm corpos sólidos. O som é produzido por pickups magnéticas e controlado por vários botões. Se você puxar a corda de uma guitarra elétrica que não está ligada, mal escutará seu som, pois não há como amplificar as vibrações da corda sem um quadro de ressonância e um corpo oco. Veja Como funciona o violão para mais detalhes.

Para produzir som, uma guitarra elétrica sente as vibrações das cordas eletronicamente e emite um sinal eletrônico para um amplificador e um alto-falante. Os sensores ficam numa pickup magnética, montada sob as cordas, no corpo da guitarra. Uma pickup magnética simples é assim:


Uma corda vibrante atravessa o campo de um ímã em barra da pickup, produzindo um sinal em sua mola.

Esta pickup consiste de um ímã de barra envolto por 7 mil voltas de um fino fio metálico. Se você leu Como funcionam os eletroímãs, você sabe que cordas e ímãs podem transformar a energia elétrica em movimento. O contrário também é verdadeiro. No caso da guitarra elétrica, as cordas metálicas vibrantes produzem uma vibração correspondente a do campo magnético do ímã, causando uma corrente vibratória na mola.

Existem vários tipos diferentes de pickups. Por exemplo: algumas pickups têm só uma barra de ímã embaixo das seis cordas e outras têm uma peça polar para cada corda, como esta:


Algumas pickups usam parafusos para que a altura de cada peça polar possa ser ajustada. Quanto mais perto a peça estiver da corda, mais forte é o sinal.

A mola da pickup envia este sinal por um circuito muito simples na maioria das guitarras. O circuito é mais ou menos assim:


O maior resistor variável ajusta o tom. O resistor (normalmente 500 kilo-ohms max) e o condensador (0,02 microfarads) formam um filtro simples de baixa passagem. O filtro suprime as altas freqüências e, ao ajustar o resistor, você pode controlá-las. O segundo resistor (normalmente 500 kilo-ohms max) controla a amplitude (volume) do sinal que atinge a tomada. Partindo da tomada, o sinal vai para um amplificador, que faz o alto-falante funcionar.


Foto cedida Gibson Guitars
O corpo desta guitarra elétrica Gibson Gary Moore Signature tem várias pickups.

Muitas guitarras elétricas têm duas ou três pickups diferentes localizadas em diversos pontos de seu corpo. Cada uma terá um som diferente. As várias pickups podem ser emparelhadas, sincronizadas ou não, para produzirem variações extras.

Amplificadores e distorção
A maioria das guitarras elétricas é completamente passiva, ou seja, elas não consomem eletricidade e você não precisa ligá-las numa fonte de energia. (algumas têm eletricidade "ativa", que vem da bateria inclusa). A vibração das cordas produz um sinal na mola da pickup e é o sinal sem amplificação o que vai da guitarra para o amplificador.


Foto cedida Gibson Guitars
O amplificador Gibson GA-15

Foto cedida Gibson Guitars
O amplificador Gibson GA-30RVS


Foto cedida Gibson Guitars
O amplificador Gibson GA-30RVH
A função do amplificador é fazer com que o sinal da guitarra seja ouvido, aumentando-o o bastante para fazer um alto-falante funcionar. O que é fascinante nos amplificadores das guitarras elétricas é que eles realmente fazem parte do instrumento.

O papel do amplificador de uma guitarra elétrica é completamente diferente do amplificador de um stereo system. Um amplificador stereo deve ser transparente: sua tarefa é reproduzir e ampliar o som com a menor distorção possível. Já no amplificador da guitarra elétrica, os músicos normalmente procuram pela distorção, bem como por um som "limpo". A distorção acontece quando o sinal do circuito de um amplificador é muito potente para aquele sistema. A distorção é, na verdade, parte do som desejado, e muitos amplificadores são projetados para que os guitarristas possam controlar o nível desta distorção.

Os músicos também podem aproveitar os laços de realimentação entre o amplificador e a guitarra. Se o som que sair do amplificador e do alto-falante for alto o bastante, ele faz as cordas da guitarra vibrarem. O músico pode dar uma nota com a guitarra e o amplificador fará com que a corda continue vibrando sem limites. Ambos os conceitos, distorção do amplificador e realimentação; são únicos para a guitarra elétrica.

Você conseguirá ouvir os efeitos da distorção nestes três exemplos:

  • guitarra elétrica sem distorção: uma guitarra Gibson ES-175 com pickups '57 Classic Humbucker
  • guitarra eléctrica com pouca distorção: guitarra Les Paul Custom com pickups 490R e 498T
  • guitarra eléctrica com alta distorção: guitarra Gibson SG '61 Reissue com pickups '57 Classic Humbucker
Um amplificador normal tem no mínimo três partes:
  • um pré-amplificador
  • um amplificador elétrico
  • um alto-falante
Alguns amplificadores também têm efeitos e circuitos ressoantes entre o pré-amplificador e o amplificador elétrico.

A tarefa do primeiro é aumentar o sinal da guitarra para que ele impulsione o segundo. Pelo fato de a guitarra elétrica ser passiva, o seu sinal não tem força o suficiente para impulsionar diretamente o amplificador elétrico.

Uma coisa interessante sobre os amplificadores de muitas guitarras elétricas é o uso de tubos de vácuo. Os tubos de vácuo (em inglês) têm padrões de distorção e características que são conhecidas e adoradas por muitos músicos, que procuram por amplificadores com tubos e circuitos de amplificadores específicos (por exemplo: amplificadores Class A versus Class AB) (em inglês) para conseguirem o exato som que tanto procuram.

Histórico da guitarra elétrica
Os engenheiros começaram suas experiências com instrumentos elétricos a partir de 1800, usando caixas de som e pianos, mas as primeiras tentativas num amplificador não funcionaram. O desenvolvimento da amplificação elétrica só ocorreu com o surgimento da indústria do rádio nos anos 20.


Fotos cedidas Gibson Guitars
Peter Townsend e a guitarra PeteTownsend Signature SG, da Gibson

Um dos primeiros inovadores foi Lloyd Loar, um engenheiro da Gibson Guitar Company. Em 1924 ele desenvolveu uma pickup elétrica para as cordas da viola e do baixo. No projeto das pickups de Loar, as cordas passavam vibrações pela ponte e depois para o ímã e a mola, que as registrava e passava o sinal elétrico para um amplificador. A primeira guitarra elétrica da qual se fez propaganda, feita pela Stromberg-Voisinet Company em 1928, utilizava uma pickup parecida, com as vibrações sendo adquiridas do quadro de ressonância.

O objetivo destes inovadores era ampliar o som natural da guitarra, mas o sinal era muito fraco. Somente quando os engenheiros usaram um sistema de pickup mais direto, no qual os eletroímãs registravam a vibração das cordas, aí a guitarra elétrica moderna se tornou realidade. O primeiro modelo comercializado com sucesso, então chamado de "Frigideira" foi desenvolvido e comercializado por George Beauchamp e Adolph Rickenbacker em 1932.


Diagrama da patente original da Gibson, 1937

A modelo "Frigideira" Rickenbacker era um modelo havaiano que cativou imediatamente os guitarristas deste estilo. A guitarra elétrica padrão ou de estilo "espanhol", entretanto, soava tão diferente do violão, que demorou para ser aceita. O primeiro artista que desenvolveu um estilo único de tocar as guitarras elétricas foi Charlie Christian (em 1939). Ao mesmo tempo, algumas pessoas começaram a testar novos tipos de guitarras elétricas usando as mesmas pickups projetadas anteriormente, porém montando a pickup num pedaço sólido de madeira. Les Paul, que já era um guitarrista conhecido, construiu uma guitarra numa peça 4-por-4 de pinheiro e a apelidou de "Lenha". Leo Fender, um antigo reparador de rádios, introduziu uma guitarra elétrica de corpo sólido em 1950 e Gibson introduziu um modelo endossado pelo próprio Les Paul em 1952. As guitarras de corpo sólido não tiveram os problemas de realimentação que caracterizaram as guitarras elétricas ocas e, dessa forma, tiveram maior aceitação.

Nos anos 50 e 60, as estrelas do rock usavam projetos de Gibson e Paul, bem como a famosa Stratocaster da Fender, algo que permaneceu na cultura americana. Desde então, cada geração tem encontrado novas formas surpreendentes de tocar este instrumento. Sem dúvidas, o seu potencial não tem limites.

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